sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Aforismos e Poesias: Lúcidos Devaneios - Parte 30


Transcendente Tempo

Tempo que vai, que foi, que é;
Tempo que tem poder 
De dar, e de tirar, e devolver;
Só não devolve a si mesmo, e, 
Enquanto a si dá, a si tira;
Mas tire de mim sobretudo 
O medo de ti, feroz Tempo, 
Para que o tempo que resta não suprima o que é,
Sendo então tempo infinito, 
Conforme o poeta
Nos deixou dito,
Enquanto durar.
E que este seja o tempo, na memória, no alento, 
Seja veloz, ou seja lento, conforme indique o riso,
Ou o sofrimento;
E que sempre fale ao coração atento:
"Pareço-lhe senhor, mas ao Senhor me rendo,
Porquanto a mim fizeste, 
Antes de mim, fora de mim,
Em tempo e fora de tempo,
Singelo e forte como o vento:
Eu, o Tempo!"
Temporal também sopraste, 
Mas na atemporalidade, 
Senhor do Tempo, me guardaste!
E torno-me a ti, insaciável e voraz Tempo,
Pois não quero que te esvaias, 
Porém apenas que te vás,
Esvaziando-te e assim me enchendo,
Seja de dor, ou de contento;
Síntese de teses e antíteses de meus momentos...
E me encontro no momento,
Enquanto perco-me em pensamentos:
Que a frágil vida, imbuída de sua natural lida,
Em suas vindas e idas, 
Contra ou a favor do tempo 
Te transcenda, Tempo!

Gama - DF, 02 de janeiro de 2017.


Jordanny