sábado, 24 de abril de 2010

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 8



5. Sábado 4ª Ministração – Cura Interior

Não sou contra a cura interior em si mesma. Pelo contrário, é notório que todos nós precisamos ser tratados em nosso interior. Entretanto, o que me preocupa são as técnicas de cura interior utilizadas pela psicologia. Muitos dos ensinos de psicologia têm sido absorvidos pelos cristãos como verdades bíblicas. O estudo da psicologia tem crescido em nossos dias. Isso se dá por vários motivos. Percebemos, por exemplo, que o número de pessoas que sofre de depressão e de outras doenças de cunho psicológico tem aumentado significantemente em nossa época.

Acho incrível que o estudo da psicologia, atualmente, é abordado como ciência. Mas a psicologia é mesmo uma ciência? Se observarmos com cautela, perceberemos que a psicologia não passa de uma religião maquiada de ciência e que grande parte de seus estudos são fundamentados nas religiões da nova era, com diversos seguimentos orientais e ocidentais. A psicologia tem se valido de vários tipos de técnicas encontradas nas religiões praticantes da feitiçaria, dentre outros seguimentos espiritualistas. São totalmente questionáveis as técnicas apresentadas pela psicologia, sobretudo quando confrontadas com a inerrante Palavra de Deus. Percebemos, claramente, dentro da psicologia todos os princípios que levaram a queda de Eva e de Adão, no Édem. Os processos dialéticos utilizados são mapeados diretamente dentro das influências demoníacas de persuasão executados por Satanás. Basta apenas estudarmos com cuidado e com profundidade e perceberemos que a psicologia é, na verdade, uma ciência que se vale da falsa piedade, ou seja, do que aparenta ser verdade bíblica, mas que, essencialmente, não o é.

Não é estranho sabermos que diversas técnicas de regressão foram utilizadas em muitos desses “Encontros” realizados? Isso se dá porque muitas de nossas igrejas e comunidades evangélicas foram totalmente contaminadas quando seus líderes abraçaram os ensinamentos de psicologia como se fossem verdades bíblicas. Acerca destas questões, Dave Hunt nos diz o seguinte:

“A despeito de sua impotência para oferecer qualquer ajuda duradoura, milhares de psicoterapias se tornaram parte tão corriqueira da vida quanto o cafezinho e o futebol. Conseqüentemente, o crente médio nem sequer percebe que consultar-se com um psicoterapeuta é quase igual a entregar-se aos cuidados do sacerdote de uma religião Riva. Naturalmente, quando é praticada por um crente, a psicologia recebe uma legitimidade injustificada que engana os desatentos. Uma falácia ainda é uma falácia, e não menos perigosa quando proclamada ou praticada por crentes. Pela aceitação simplória da psicoterapia como um suplemento “científico” para a verdade bíblica, como “cura interior” ou “psicologia cristã”, a Igreja está sofrendo de esquizofrenia espiritual (...) Não há problema emocional que a psicologia tente resolver para o qual a Bíblia não alegue que o próprio Deus oferece uma cura completa que pode ser recebida pela fé. Confiar em Deus e obedecer à Sua Palavra é ser liberto da ansiedade que parece pairar sobre este mundo como uma nuvem (...) Estranhamente, todavia, um número substancial de crentes se encontra vivendo debaixo da mesma nuvem de ansiedade que incomoda o mundo, e não parece saber como volta à luz solar do amor de Deus. Muitos buscam ajuda psiquiátrica porque ela parece oferecer uma saída para a dor que muitas vezes acompanha o crescimento espiritual.”[1]



Há várias ministrações do Retiro de Impacto em que nós fazemos uma análise dos equívocos doutrinários. Entretanto, em relação à ministração de cura interior, há tantos, mais tantos erros, que o melhor é apenas cortá-la. Faço uso, apenas das palavras de Dave Hunt, para entendermos alguns aspectos:

"O esforço de integrar psicologia e cristianismo produziu numerosas técnicas novas de oração e de cura desconhecidas da Igreja histórica e não encontradas na Bíblia. Entre as mais populares está “a cura interior” ou “cura das memórias”, que, conforme o consenso dos próprios praticantes “começou com o ministério terapêutico de Agnes Sanford na década que se seguiu à Segunda Guerra Mundial”. Um de seus principais defensores disse: “Uma técnica central para quase toda cura interior é a visualização...” Num livro composto de respostas críticas ao livro A Sedução do Cristianismo, escritas por Roberte Wise, Paul Yonggi Cho, Dennis e Rita Bennett, e vários outros, encontram-se repetidas referências a termos previamente desconhecidos como “oração de visualização... novas formas de oração”, “técnica de oração”, “a visualização acrescentou força às suas orações faladas”, “visualização cristã”, “o papel da vilualização e imaginação em orações para a cura de memórias”, “orações meditativas que usam símbolos, imagens e visualização”, “orações usando a composição de imagens”, e outros termos semelhantes.
Um psicólogo cristão que é conhecido como “um dos pioneiros deste método de aconselhamento... [utilizando] oração, composição de imagens, identificação e esclarecimento de mágoas passadas e visualização positiva...” explica que a imaginação é usada (1) para “recriar a lembrança dolorosa... e visualizá-la como quando aconteceu” e (2) para visualizar Cristo presente na ocasião do incidente doloroso. Isso se justifica, raciocina ele, por Cristo “é o Senhor do tempo – passado, presente e futuro... Ele transcende todo o tempo e espaço.” Para apoiar tais idéias, decalra-se que “Francis MacNutt, em seu clássico livro Healing (Cura), também relacionava a onipresença de Jesus à cura do homem interior” e que por meio da visualização “permitimos que Jesus, o Senhor da história, caminhe até aquele ponto da estrada da vida onde jazem nossas feridas.” Todavia, nenhum dos dois autores oferece qualquer apoio claro nas Escrituras para a prática de visualizar Jesus, nem explica como é que MacNutt e outros católicos obtêm resultados igualmente positivos de “cura interior” pela visualização de Maria, que claramente não é “o Senhor do tempo”, nem é capaz de caminha “até aquele ponto da estrada da vida onde jazem nossas feridas”. Além disso ocultistas variados obtêm resultados iguais visualizando todo tipo de “guias espirituais”.
[2]



Dave Hunt ainda posiciona-se em relação ao perdão tratado nas ministrações de “cura interior”:

É bem claro que temos que perdoar aqueles que nos causaram sofrimento, e as conseqüências de não o fazermos são muito graves: “Se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.15; Marcos 11.26). Também é igualmente claro que nenhum processo especial ou prolongado de “cura interior” ou “aconselhamento psicológico” é necessário para que perdoemos outras pessoas. Cristo disse: “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas” (Marcos 11.25). Nenhum crente verdadeiro deveria jamais guardar ressentimento contra alguém, não importa quão horrivelmente esse alguém o tenha ofendido ou prejudicado. Podemos saber se temos tal atitude, e podemos ser libertados dela instantaneamente por um ato de nossa vontade, com base no amor e no perdão que recebemos de Deus. Uma vez que Deus me perdoou, não posso ser mesquinho e deixar de estender a outros o mesmo amor, a mesma misericórdia e o mesmo perdão – e como não iria perdoar aqueles a quem Ele já perdoou? Há alguém com que eu tenho dificuldade de me relacionar? Se eu sinceramente orar a Deus pedindo a Sua bênção para aquela pessoa, minha atitude será transformada, pois dificilmente serei hostil ou ciumento para com uma pessoa a quem eu desejo que Deus abençoe!
Todo o processo de “cura interior” é ao mesmo tempo desnecessário e uma negação do que Cristo realizou sobre a cruz. Para o verdadeiro crente, o passado não tem mais qualquer poder, mas foi apagado pela redenção no sangue de Cristo. As Escrituras dizem “...as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Coríntios 5.17). Isso não era teoria para Paulo, mas uma verdade gloriosa que tinha transformado sua vida e o fazia dizer em triunfo: “...esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.13-14).
[3] (Grifos nossos)



Ao invés de adentrar nos detalhes da apostila, no que se refere ao tema “Cura Interior”, prefiro, tão somente, indicar duas literaturas básicas que refletem acerca do assunto de forma profunda e, autenticamente, bíblica: “A Sedução do Cristianismo” e “Escapando da Sedução”, ambos do autor DAVE HUNT. Tenho absoluta certeza que o Espírito Santo trará muito esclarecimento por meio do estudo da Palavra e pelo complemento sugerido.


Para ler a Parte 7d clique AQUI!

------------------------------
[1] HUNT, Dave. op. cit., p. 125 e 126.
[2] HUNT, Dave. op. cit., p. 222.
[3] HUNT, Dave. op. cit., p. 223.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 7d


Chamando à Existência as Coisas Positivas?

Uma parte interessante da apostila do Encontro, traz as seguintes informações:

Deve-se chamar à existência o oposto: Prostituição - Santidade (1 Pe. 1:14-16); Ódio - Amor (Rm. 13:8); Rebeldia - Submissão (Fl. 2:5-8); Mentira - Verdade (Ef. 4:25). Chame à existência a libertação.

Os mestres da confissão positiva ensinam que a fé é uma espécie de força que é suficiente para criar o que não existe. Na verdade, tais mestres chegam a afirmar que Deus criou todo o mundo por meio da fé. Segundo tal ensino, Deus é um Deus de fé. Certa vez Kenneth Hagin, um dos grandes precursores do movimento da “Fé na fé”, fazendo referência ao evangelho de Marcos, capítulo 11, verso 22, chega a falar da fé de Deus. Ele ainda utiliza o texto de Hebreus 11, verso 3, para afirmar que o mundo foi criado pela fé. Mas é este o sentido real da fé? A fé é uma força que está a nosso dispor, dando-nos o poder de trazer a existência o que não existe? Vejamos o que a palavra de Deus nos informa nestes dois textos citados como base para a doutrina da “Confissão Positiva”:

(Mc 11.22) - E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus;
(Hb 11.3) - Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. (Grifo nosso)

Na verdade, uma simples leitura destes dois textos já revela o equívoco doutrinário trazido por meio de tal teologia. Jesus não nos ordena a termos a fé de Deus, mas sim a termos fé em Deus. Deus é um ser que não precisa da fé. Todo o mundo foi criado pelo poder da Palavra (Verbo), e não pelo poder da fé (Jo 1.1-3). A fé não tem poder em si mesma. Acho incrível ao assistir programas de televisão que trazem o seguinte jargão: “O poder sobrenatural da fé”. A fé em si mesma não tem poder algum. Deus é todo poderoso. Todo o poder foi submetido a Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus (Mt 28.18). A Bíblia não atribui poder algum à fé.

Alguns podem até argumentar que o próprio Cristo, em diversos textos da Escritura Sagrada, diz “a tua fé te salvou” (Mt 9.22; Mc 5.34; 10.52; Lc 8.48; 17.19; 18.42 etc). Entretanto, o simples fato de Ele mesmo ter dito “Tende fé em Deus”, corrobora que o agente de salvação da pessoa foi a confiança total e absoluta no Deus Todo-Poderoso. A fé não move montanhas; Deus, em quem depositamos nossa total confiança, é quem move a montanha e o faz independentemente da fé. Deus não precisa da fé, quem precisa de fé somos nós. E Deus espera que a nossa fé seja aprovada por Ele (Tg 1.3). Aliás, sem fé é impossível agradá-lO (Hb 11.6).

Ainda no texto de Hebreus 11, verso 3, percebemos que não foi a fé que trouxe à existência os mundos, mas sim a Palavra. Pela fé nós cremos que os mundos, pela Palavra, foram criados. Logo, existe um poder sobrenatural na fé? Não o poder está em Deus. A fé não uma força “Jedi” que movimenta objetos sobrenaturalmente. Mas a fé é necessária na vida do crente, pois é por meio dela que estabelecemos um relacionamento profundo com o Deus criador dos céus e da Terra, mesmo não O vendo.

Diante disso, eu tenho o poder de chamar a existência o oposto do que está acontecendo na minha vida? Na verdade, a técnica de se chamar a existência o que não existe, baseia-se na visualização, a qual está presente na mais profunda feitiçaria. Isso mesmo! A feitiçaria profunda é que trouxe tais técnicas que remetem o poder à imaginação do homem, pelo qual qualquer coisa pode ser criada. Qualquer um pode compreender a utilização de tais técnicas pelo famoso livro The secret (O segredo), que retrata a Lei da Atração. Onde por meio de um exercício mental nós podemos controlar todo o universo. Isso é uma forma de atribuir demasiado poder à fé. Tal ensinamento é anti-bíblico, uma vez que não podemos confiar na nossa fé, mas sim em Deus.

Tais ensinamentos baseiam-se nas teologias panteístas e da imanência. E também na doutrina que afirma que os homens são pequenos deuses nessa terra. Quanto a estes temas, não me aprofundarei no presente trabalho, visto não ser o objeto do mesmo. Mas posso afirma com convicção, por meio da Palavra da Verdade, que são todas doutrinas falsas e que ferem a autoridade de Deus.

Outro texto também muito utilizado pelos mestres da confissão positiva, mais específico para toda esta questão é o seguinte:

(Rm 4.17) - (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem.

Vemos que o poder de chamar a existência o que não existe como se já existisse, reside em Deus. Não foi no poder da fé que Abraão creu. Abraão depositou toda a sua fé em Deus, o qual tem o poder de chamar as coisas que não são como se já fossem. Não há, pois, um poder sobrenatural na nossa fé por meio de uma confissão positiva (onde eu digo positivamente algo para que isto aconteça), mas em Deus reside todo o poder, toda autoridade, soberania e domínio. A fé em Deus é corroborada em Abraão quando nós lemos em Hebreus 11, versos 17 e 18, o seguinte:

“Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar;”

Abraão, claramente, considera o poder de Deus e não a sua fé, para oferecer o seu filho como sacrifício. Desse modo, conclui-se que a fé não tem um poder sobrenatural de trazer à existência o oposto do que nós estamos vivendo. Aliás, não existe base bíblica alguma para assim agirmos, a não ser que venhamos a descontextualizar ou mesmo, modificar textos bíblicos a fim de adequá-los a nossa interpretação; Deus tem esse poder! Nesse sentido, gosto sempre de lembrar que a Palavra não nos permite uma interpretação subjetiva, ou seja, particular, mas sim uma interpretação objetiva, segundo a revelação e em submissão à vontade de Deus (2Pe 1.20).

Considerações Finais acerca do tema Libertação

Diante de todo o exposto, percebemos que uma verdadeira libertação não acompanha muitos dos princípios apontados pela apostila, dentre os quais nós podemos citar:

- Arrepender-se do pecado cometido por si próprio ou por seus antepassados.
- Não ter medo do processo de libertação - o medo amarra você, impedindo a sua libertação (2Tm. 1:7; 1 Jo 4:4).
- Lembrar dos pactos e qualquer nível de envolvimento com o pecado e rejeitá-los.

Tais princípios trazem terríveis equívocos, pelos quais já foram apontados. Quanto à necessidade de arrependimento pelos pecados, isso é necessário; é uma doutrina bíblica, conforme já explicitado. Mas se arrepender pelos seus antepassados para que seja liberto? Cristo já levou sobre si as nossas iniqüidades e todas as nossas maldições. E também não há porque ficar rejeitando pecados. Submeta-se a cruz! Nós não devemos ter uma relação de rejeição para com o pecado. Na verdade, já estamos mortos para o pecado; isso é muito mais profundo que uma simples rejeição.

Compreendidas tais proposições, passemos a analisar a ministração seguinte do Encontro.

Análise do "Encontro": é tremendo! - Adendo


A paz do Senhor!


Se você está lendo a presente análise e deseja ter o Manual de Realização do Encontro para acompanhar melhor, contacte-me pelo e-mail: jordanny.adv@gmail.com


Obs.: Envie, no assunto, o seguinte texto: ANÁLISE DO ENCONTRO - MANUAL


Desde já agradeço a sua presença!


Que Deus te abençoe ricamente.


Para ler o estudo desde o início clique AQUI!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

De Deus não se zomba - Música para meditação

De Deus não se zomba - Fruto Sagrado

“Virei-me e vi todos os que estavam sendo oprimidos debaixo do sol, vi as lágrimas dos oprimidos e não havia quem os consolasse, de um lado estavam o poder de seus opressores e não havia quem pudesse confortá-los. São mais felizes os que já morreram do que os que ainda vivem. Melhor do que ambos é aquele que ainda não nasceu, aquele que não viu as obras más que se fazem debaixo do sol. Vi que todo trabalho e toda obra que o homem executa causa inveja no seu próximo. Isto também é vaidade e aflição de espírito”

Que mundo construímos? Quem é o inimigo?
Qual é a nossa religião? Não aprendemos a lição!
Como estamos longe de Deus... caminhamos para trás...
A cada vida ceifada por bombas lançadas daqueles que se dizem cristãos!
Não se engane! O que o homem plantar ele também vai colher!
Por quê? Porque de Deus não se zomba!
E agora? Como falar de paz?
Como impedir a raiva no coração dos oprimidos?
Como colher a paz onde só plantaram a guerra?
Como experimentar o amor de árvores regadas com o ódio?
Criamos lobos e agora queremos viver com ovelhas!
Nos tornamos hedonistas, materialistas, cínicos, geradores de morte,
fome, atraso e injustiça! Progenitores de fanatismos doentes e letais!
Essa é a nossa humanidade! Essa é a nossa civilização!
Parece não haver limites para a irracionalidade humana!
E com certeza não há limites para a justiça de Deus!

Que mundo construímos? Quem é o inimigo?
Qual é a nossa religião? Não aprendemos a lição!
Como estamos longe de Deus... caminhamos para trás...
A cada vida ceifada por bombas lançadas
Daqueles que se dizem cristãos!
Não se engane! O que o homem plantar ele também vai colher!
Por quê? Porque de Deus não se zomba!

Abaixo segue a música:




A paz do Senhor a todos!

Jordanny Silva

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 7c


Minha Boca tem o Poder de Abençoar e Amaldiçoar?

A apostila do Encontro, em determinado ponto diz o seguinte:

Às vezes lançamos maldição através de nossas palavras, de prognóstico negativo (conhecido como "rogar praga") e não temos consciência da seriedade disso. Da nossa boca só deve sair bênção (Tg 3:8-10). A maldição vem como conseqüência do pecado de não ouvir, não obedecer e não guardar as ordens do Senhor, e de se misturar com outros deuses (Dt 28:15). A maldição se instala porque pecamos (Lm 5:7-10).

Primeiramente, devemos compreender que a conotação de negativo e de positivo é bem aplicável à energia, mas não à vida do crente. Percebemos que tais conceitos foram difundidos com o conceito bíblico de fé, por meio dos movimentos cristãos da “confissão positiva” e do “pensamento da possibilidade”. Tais princípios são claramente observados em livros como “A quarta dimensão” do David Paul Yong Cho, e defendidos por outros mestres defensores do “movimento da Fé”. Segundo os defensores dessa teologia, nós devemos afastar as palavras negativas da nossa boca, pois elas atraem conseqüências ruins.
[1] Acerca disso, Dave Hunt diz o seguinte:

“Uma das tendências mais sedutoras e populares que veio do mundo secular e foi vestida de terminologia cristã e largamente aceita na Igreja como verdade bíblica é a crença de que positivo é necessariamente bom, e que negativo, por seu turno, é ruim. Mantendo passo com essa ilusão, a principal mensagem que sai dos púlpitos das grandes igrejas e de muitos programas cristão de televisão é a ênfase exclusiva naquilo que é ‘positivo’ nas Escrituras – algo ‘reconfortante’ ou ‘animador’ – e o evitar tudo que é ‘negativo’. (...) Essa ilusão sutil e muito atraente oferece o raciocínio ideal para evitarmos a correção que a Palavra de Deus deve trazer às nossas vidas, e o faz em nome de Cristo e de um ensino bíblico sadio. Não é preciso
refletir muito para perceber, todavia, que ‘negativo’ e ‘positivo’ podem ser termos completamente amorais, humanísticos, se usados no contexto errado. ‘Uma abordagem positiva’ e ‘uma atitude positiva’ são frases populares no mundo secular, mas jamais são encontradas na Bíblia, e nunca deveriam ocupar o lugar da fé em Deus ou servir como um meio de escapar à realidade. Positivo e negativo têm um sentido definido em eletricidade, matemática ou física, mas tais termos nada têm a ver com verdade, justiça, santidade, obediência a Deus e a Sua Palavra, com o Evangelho de Jesus Cristo, ou com o poder do Espírito Santo no viver a vida cristã. Quando usados em tal contexto, esses termos causam grande confusão (...) É surpreendente o número de crentes que parecem equacionar positivo com verdadeiro. (...) De alguma forma, ‘positivo’ não é equacionado erradamente apenas com ‘verdadeiro’, mas também é visto como o equivalente de respeitável, justo, puro, amável, etc. Não é difícil perceber que, em lugar de ser respeitável, ser ‘positivo’ poderia, em alguns casos, ser muito ‘desrespeitável’. Além do mais, não chamaríamos de ‘justo’ um juiz que deixasse de condenar e sentenciar criminosos por querer ser ‘positivo’. Algumas pessoas têm uma visão muito ‘positiva’ sobre sexo livre, mas é muito difícil chamar tal posição de ‘pura’. Igualmente, não podemos dizer que qualquer coisa mencionada em Filipenses 4.8 seja equivalente a ‘positivo’. Declarar que esse versículo advoga o ‘pensamento positivo’ é destruir os valores morais, éticos e espirituais específicos daquilo em que o versículo nos ordena que meditemos. E é uma negação do caráter santo de Deus chamá-lO, nas palavras de um líder do movimento de Confissão Positiva, ‘o maior Pensador Positivo que já existiu’. Na maioria das vezes, o que se quer dizer com ‘positivo’ é simplesmente ‘favorável’ ou ‘agradável’, e qualquer coisa que seja desagradável é chamada de ‘negativa’(...) O que importa realmente não é se algo é ‘positivo’, mas se é verdadeiro ou falso, bíblico ou não bíblico. Nesse contexto, portanto, os termos
‘positivo’ e ‘negativo’ não são apenas irrelevantes; são uma cortina de fumaça que impede a percepção dos verdadeiros problemas. Aplicar tais termos a verdades bíblicas é um insulto ao Deus cuja Palavra está cheia de correções e advertências bastante ‘negativas’ sobre o juízo.”
[2] (Grifo nosso)


E acerca do poder de nossas palavras? Podemos realmente lançar maldições por meio de nossas palavras? Para compreendermos estas questões é necessário estudarmos o texto em Tg 3.9-10:

"Com ela [língua] bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim."

Este texto é um dos preferidos daqueles que defendem o poder que há na palavra que proferimos. Tais mestres não se cansam de dizer: você tem poder para abençoar e para amaldiçoar o seu irmão. Mas será este o real sentido que a Escritura nos traz neste texto? Uma leitura sem preconceitos, nos fará perceber que o sentido a que se refere o verso 10, quando fala de benção e de maldição, é bendizer e maldizer. Sabemos que as palavras possuem efeitos psicológicos drásticos. Seria até um idiota se não considerasse tal premissa como verdadeira. Entretanto, o que os mestres da confissão positiva buscam é atribuir um poder, quase que absoluto, ao que sai de nossas bocas. Nossas palavras têm poder, mas não é um poder super-natural, em si mesmas, que modifica a natureza física do que está ao nosso redor. Se não, era um risco muito grande poder falar, ao passo que eu poderia, sobrenaturalmente, matar qualquer pessoa que me desagradasse. Conquanto se possa conceber um razoável poder ao que nós falamos, tal poder está nos efeitos e conseqüências daquilo que nós dizemos. É exatamente o que este texto nos traz. Ele diz que a nossa língua é como uma pequena brasa que pode incendiar uma floresta inteira. E, realmente, sabemos que, por exemplo, uma informação falsa em uma bolsa de valores, pode levar a muitos a perderem bilhões de dólares em questão de horas. Sim, a língua é um órgão perigosíssimo para aqueles que não têm domínio sobre a mesma.

Mas, ainda acerca do poder sobrenatural da língua, alguns podem argumentar que Elias, conforme se lê em 1Rs 17.1, pelo poder da palavra determinou que não choveria naqueles dias, até que ele permitisse. Outros poderão utilizar o exemplo de Eliseu que, após ter sido alvo de chacotas de alguns garotos em 2Rs 2.24, os amaldiçoou mortalmente. Entretanto, cada uma dessas histórias revela o caráter de Deus e a dependência que os profetas tinham Nele. No primeiro caso, o apóstolo Tiago, no capítulo 5, verso 17, de sua epístola, nos informa o seguinte:

"Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra." (Grifo nosso)

Percebemos que não foi o poder da palavra de Elias que fez a chuva parar. Ele suplicou ao Senhor para que não chovesse sobre a terra, o que lhe foi concedido. Ou seja, a chuva não parou pela palavra do profeta, mas pela vontade de Deus.

Já no segundo caso, vemos que os rapazes que alvejaram o profeta Eliseu, não desferiram palavras, tão somente, de ofensa ao profeta. Se não a Bíblia seria pouco razoável, uma vez que uma brincadeira (chamar o profeta de calvo) os levaria a uma morte tão horrenda. Na verdade, o pecado daqueles meninos foi contra a autoridade de Deus. Quando se dirigiram a Eliseu com aquelas brincadeiras, na verdade ofendiam a Deus. Vejamos o texto em análise:

"Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo; sobe, calvo!" (2Rs 2.23) (Grifo nosso)

Percebe-se claramente que a zombaria não atingia o profeta pelo fato de ser calvo. Pelo contrário, era uma afronta ao poder de Deus. Pouco antes, nos versos de 1 a 11, vemos a história do traslado de Elias, de modo que este subiu ao céu num redemoinho. Aqueles jovens, por sua vez, ao zombarem “Sobe, calvo; sobe, calvo”, na verdade colocavam em dúvida o poder de Deus que havia arrebatado Elias. Logo, Eliseu os amaldiçoou no nome do Senhor. Em outras palavras, podemos ter como exemplo de que de Deus não se zomba (Gl 6.7). Deus não se deixa escarnecer! Deus é quem lançou juízo sobre aqueles jovens que zombaram de Seu poder e autoridade.

Em seguida, a apostila do encontro nos traz diversos conceitos que permeiam a idéia de: a) maldição hereditária; b) maldição voluntária; c) maldição sobre a nação; d) maldição involuntária.

Acerca de tudo isso, o certo é que, a partir do momento em que cremos em Cristo como nosso Senhor e Salvador, e confessamos a Ele, todas as maldições e cadeias são quebradas. Não há porque ficar procurando probleminhas para tornar eficaz a libertação que o Espírito, em Cristo, nos concedeu. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32).

Façamos, por conseguinte, a leitura do seguinte texto extraído da apostila do Encontro:

Todo pecado tem que ser renunciado (Tg. 4:7). Lembra onde está a brecha? Então, para que essa brecha seja fechada, é necessário que haja uma renúncia. Precisamos aprender a viver como santos. É preciso cortar a raiz de maldição que entrou pelo pecado. Mesmo tendo sido uma maldição que entrou através do pai, avô, bisavô, etc., precisa ser fechada. Satanás quer manipular esta geração.


Já argumentamos acerca das proposições acima e concluímos que, em Cristo, todas as nossas iniqüidades e maldições são levadas. Toda essa “renúncia” resume-se a receber a Cristo, genuinamente, como Senhor e Salvador das nossas vidas. Não há outros processos bíblicos para a quebra de maldições hereditárias ou involuntárias. O pecado precisa ser confessado sim (Tg 5.16)! Mas não significa que devemos trazer a nossa memória ofensa por ofensa. Basta, tão somente, crer na superabundante graça que opera em nossas vidas, e nos conservarmos íntegros e santos diante do Senhor (Rm 5.20; Hb 12.14,15). Devemos sim, lançar fora todo o ressentimento e a raiz de amargura, para que o perdão de Deus seja alcançado por nossas vidas. Mas não há necessidade de um processo complexo de libertação. A Palavra da Verdade nos é suficiente!
Para ler a Parte 7b clique AQUI!
--------------------
[1] Para aprofundar no estudo do tema acerca do Movimento da Fé, é interessante a leitura dos livros “Cristianismo em crise”, de Hank Hanegraaff; “A Sedução do Cristianismo” e “Escapando da Sedução”, de Dave Hunt. Há também outros livros que tratam destes temas: “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria”, “Erros que os pregadores devem evitar” e “Mais erros que os pregadores devem evitar” de Ciro Sanches Zibordi.
[2] HUNT, Dave. Escapando da sedução : retorno ao cristianismo bíblico / Dave Hunt; [tradução: Carlos Osvaldo Pinto]. – 2. ed. – Porto Alegre : Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, 1999. Pg. 36-37.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 7b


A Quebra de Maldições e as Maldições Hereditárias

A apostila do Encontro, na parte que trata do tema “Libertação”, inicia com os seguintes dizeres:

Começar a fazer comentários sobre a possibilidade de crentes terem atitudes demonizadas, e sobre a constatação de que isto é real (Ef 4:27).

A realidade acerca de o servo de Deus dar lugar aos intentos demoníacos é uma verdade bíblica. Estudando soteriologia, é evidente que o famigerado jargão “uma vez salvo, salvo para sempre” revela-se falso. Qualquer crente pode, se não guardar-se na Palavra e na comunhão, desviar-se apostatando da fé. Isso é, por natureza, dar lugar ao diabo. Entretanto, o texto citado como referência está completamente mal alocado. Na carta dirigida aos crentes de Éfeso, realmente Paulo nos exorta a não darmos lugar ao diabo. Mas o contexto próximo traz uma alusão à manutenção do crente na fé original, que traz uma conseqüente santidade, para que vejamos ao Senhor (Ef 4.17-32; Hb 12.14). Note que a ênfase de Paulo é para que não tornemos às atitudes do velho homem, uma vez que já nascemos de novo (Jo 3.3); sendo este novo homem criado segundo a justiça e a santidade de Deus (Rm 5.1,2; 2Co 5.21; Jo 14.6; 17.17; Ef 6.17; 4.3,4).

Que um salvo pode desviar-se e perder a salvação, é uma doutrina bíblica clara. Mas a perda da salvação está vinculada a perda da santidade e da fé. A fé precisa de fundamento (Hb 11.1). O fundamento da nossa fé é a Palavra de Deus, a qual nos traz todos os princípios cristãos e os mandamentos deixados por Cristo (Mt 28.20). De mesmo modo, a santificação do crente está na Palavra da Verdade (Jo 17.17). Todas as vezes que nos afastamos da Palavra da verdade, damos um passo em sentido contrário à fé, e, necessariamente, desvinculamo-nos da santidade necessária para se ver a Deus (Hb 12.14). Será que, diante das explanações aqui esposadas, o “Encontro” não tem se afastado da Palavra da verdade? Ora, qualquer ministração por mais que aparente ser verdade, mas que se desentoa do nosso fundamento de fé, não seria engano? Então, esse “Retiro de Impacto” verdadeiramente tem se apresentado em santidade? Bem, a realidade é que, se as ministrações do “Encontro” não passam pelo crivo da Palavra da Verdade, é puro engodo empurrado como se fossem verdade e santidade, goela-abaixo dos seminaristas, trazendo morte espiritual para muitos. Essa é uma conseqüência lógica!

Continuemos a analisar a apostila do Encontro:

A maldição repousa na 1ª, 2ª, 3ª e até a 4ª geração (Dt 11:26; 30:19). A maldição se instala no tempo e no espaço (Ef. 5:15-16), mas ela se encerra na 4ª geração. Libertação fala de ficarmos livres de algo que nos prendeu. Há maldições que nos acompanham e que nós temos que rejeitá-las. A maldição se infiltra por uma legalidade e abre portas para que demônios venham sobre a vida da pessoa. (Grifo nosso)

Como base para a doutrina da “maldição hereditária”, o autor da apostila do Encontro, cita como textos básicos os seguintes:

(Êx 20.5) - Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
(Dt 11.26) - Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição;
(Dt 30.19) - Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência (Grifos nossos)

Fizemos questão, inicialmente, de grifar o pronome pessoal “vós”, para demonstrar a quem é dirigido tal texto. É evidente que na época em que Moisés direcionou tal exortação, a Igreja ainda não existia. Na verdade a instituição da Igreja está toda descrita no Novo Testamento (Mt 16.18; At 1.4; 2.1-13). É evidente que a Igreja foi, desde a eternidade, concebida na mente de Deus. Mas, como instituição, vemos a figura da Igreja apenas nas páginas neotestamentárias. E que importância tem isso? Total importância! Pois, por meio desta compreensão, podemos entender os mandamentos e ordens que são veiculados à Igreja e aqueles que são veiculados ao povo de Israel.

Os dez mandamentos, por exemplo, são dirigidos ao povo de Israel. No tempo de Moisés, o povo israelita é apresentado à Lei; e passa a viver sob o jugo da Lei. Já a Igreja do Senhor não vive sobre o jugo da Lei, mas sim da graça (Rm 6.4). Ora estar debaixo da Lei é o mesmo que estar sob o domínio do pecado. Se o “Encontro” é destinado a crentes, por que tratar tais crentes com se estivessem debaixo do jugo da Lei?

Assim sendo, fica claro que o texto de Ex 20.5, em relação a Deus visitar a iniqüidade dos pais nos filhos até a 3ª e 4ª geração, não se aplica à Igreja do Senhor. Aliás, se o decálogo por completo é aplicável à Igreja, então pecamos por não guardarmos o sábado? Entretanto, devemos estudar o porquê de a “maldição hereditária” não ser aplicável à Igreja, nos tempos neotestamentários. Para isso é necessária uma análise da carta de Paulo escrita aos crentes da Galácia, que trata da eficácia da Lei.

Em Gálatas 2, Paulo informa que em Antioquia resistiu a Pedro na cara e o repreendeu publicamente. O fato era que Pedro, enquanto estava próximo aos gentios, agia como se fosse da incircuncisão; entretanto, quando Tiago, e outros judeus, chegaram até aquela cidade, Pedro se apartou dos gentios, para não ser envergonhado diante dos circuncisos. É interessante que a dissimulação de Pedro começa a influenciar Barnabé, o que faz com que Paulo o repreenda publicamente. Porém, tratando do assunto, Paulo traz uma brilhante elucidação aos gálatas acerca da justificação pela fé, e não pelas obras da Lei. Paulo, no capítulo 3 da carta aos Gálatas, inicia sua argumentação com a seguinte pergunta: “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (v. 3). A realidade é que os crentes da Galácia estavam voltando às obras da Lei, fazendo com que muitos cressem que havia a necessidade da guarda completa do decálogo, e das demais leis verotestamentárias, para que houvesse salvação. Em seguida, no verso 5, Paulo levanta a seguinte questão: “Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, o faz pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?”. Ora, é evidente que a nossa justificação se dá pela fé. Por esse motivo foi que Deus, em Abraão, o qual foi justificado não por obras, mas pela fé, afirma que nele seriam benditas todas as nações (Gl 3.8; Gn 18.18; 22.18; 26.4). Tudo isso revela que a Lei, em si mesma, se mostra ineficaz para a salvação do homem. Na verdade, o propósito de Deus com a Lei era a imputação da justiça, que se deu por meio de Jesus Cristo. Deus cumpre a justiça em Cristo, pois Jesus cumpriu toda a Lei, para que a nossa fé no Filho de Deus nos fosse, de mesmo modo, reputado como justiça. Cristo homem, como descendência de Abraão, levou sobre si toda a maldição, e fez com que todos os que Nele cressem, fossem benditos.

Contudo, o que propõe a doutrina da “maldição hereditária”? Primeiramente, anula o sacrifício de Cristo na cruz do calvário, uma vez que é necessário um processo, um método, para que a maldição hereditária seja quebrada. Ora, não é o sacrifício de Jesus suficiente para quebrar toda a maldição? Vejamos a Palavra nos informa:

(Gl 3.13) - Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;

Logicamente, é necessário que o indivíduo creia no Senhor Jesus como único e suficiente salvador de sua vida (Mc 16.16), e olhe para o madeiro (Jo 3.14,15). Porém, a Palavra não nos revela outro método complexo de libertação. Toda a maldição, por mais hereditária que seja, fica anulada a partir do momento que a pessoa crê no Senhor Jesus (Is 53.4,5,6,8,10,11,12). Uma simples, porém verdadeira e convicta, oração de confissão, no momento em que a pessoa recebe a Cristo como seu único e suficiente salvador, crendo no coração, é suficiente para quebrar todas as cadeias e trazer libertação sobre o indivíduo. A partir daí, a pessoa começa a caminhar como salvo, tendo a mente renovada (Rm 12.2). Por que, pois, dificultar a libertação? Por acaso a Palavra não é suficiente?

Novamente, é necessária a análise do seguinte texto da apostila:

Libertação fala de ficarmos livres de algo que nos prendeu. Há maldições que nos acompanham e que nós temos que rejeitá-las. A maldição se infiltra por uma legalidade e abre portas para que demônios venham sobre a vida da pessoa. (Grifo nosso)

Onde, na Palavra, existe alguma passagem que confirma que nós temos que rejeitar as maldições para que sejamos libertos? A verdade é que, a partir do momento em que você recebe a Cristo como seu único e suficiente salvador, você por confissão já rejeitou toda a obra da carne em sua vida; ou seja, já não se conforma com o presente século. Na verdade, o que percebemos é que um grande número de crentes tem sido escravizado e destruído pela ignorância (Os 4.6). Temos em nossas mãos a Palavra da verdade que liberta (Jo 8.32; Lc 4.18,19; Mt 11.28), com acesso direto ao Pai por meio de Jesus Cristo, mas não nos lançamos em um estudo profundo dessa Palavra, e nos prendemos a fábulas e a superstições. Tudo isso nos leva mais e mais para um abismo de depressão e de insegurança, fazendo com que o poder de Deus seja anulado de nossas vidas, por nossa falta de fé. É por isso que vemos tantos crentes preocupados com “olho grande”, inveja, agouros etc. Todas essas coisas são superstições e, pelo poder da Palavra da Verdade, podemos ser libertos, e não por um método complexo de confissões e renúncias. Mais do que rejeitar às maldições, a Palavra nos exorta a rejeitarmos as fábulas profanas (1Tm 4.7).

Ainda na apostila temos o seguinte:

Jeremias 23: 10 - O povo da terra na qual repousa a maldição chora por isto. Há um complô no reino espiritual (das trevas), para que a Terra continue debaixo de maldições e, portanto, seja mantida infestada de demônios. (Grifo nosso)

Em relação a esse complô no reino espiritual, é evidente que existe (Ef 6.12). Aliás, se há uma notícia que muito desagrada os líderes da confissão positiva, é o fato de que esse mundo não vai melhorar por meio de nossas forças. Será necessária uma intervenção de Cristo para pôr fim a toda maldade e injustiça que operam sobre a face da Terra. O apóstolo João nos informa que este mundo está no maligno (1Jo 5.19). Em outras palavras, o domínio direto de todo este mundo, está nas mãos de Satanás; ele é o “deus deste século” (2Co 4.4) e o “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2). Acho interessante que o autor da apostila fez menção do texto de Jr 23.10, como base para o que queria dizer, mas esqueceu de mencionar que tal texto refere-se mais especificamente aos falsos profetas que se deixaram contaminar pelo presente século. Será que isto não tem acontecido nos dias de hoje? Temos percebido que, no lugar da Palavra da Verdade, muitos têm se deixado contaminar por invencionices e métodos complexos que complicam a verdade do evangelho. Temos visto muitos ministrando heresias e, mesmo sendo admoestados, continuam adeptos a tais falsos ensinamentos, tão somente por causa do quórum obtido. Choro ao ver o zelo que o profeta Jeremias tinha pela santa Palavra de Deus quando afirma: “Quanto aos profetas, já o meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado, e como um homem vencido de vinho, por causa do Senhor, e por causa das suas santas palavras”. Não deveria ser esse o nosso zelo pela santa Palavra do Senhor?

Ora, toda esta Terra já está amaldiçoada. Isso se deu por conta da queda do primeiro Adão. Mas o último Adão nos promete novos Céus e nova Terra (Ap 21). Confiemos nas promessas advindas na Nova Aliança. Deixemos de lado o jugo da Lei e nos firmemos pela fé ao tempo da Graça, onde as maldições sobre a Terra ainda operam por um breve período, mas sobre as nossas vidas, já foi cortada pela loucura da pregação que nos revelou o evangelho da salvação. Estamos, pois, mortos para o pecado. Já estamos crucificados com Cristo, já não vivemos nós, Cristo vive em nós.

Todo pecado é uma quebra de comunhão com Deus. Cada nível de pecado libera uma quantidade de demônios; cada pecado atrai uma maldição. O pecado é que dá a legalidade para a ação de demônios (1 Pe 5:8; Gn 4:6-7). (Grifo nosso)

Fico boquiaberto com a criatividade do autor da apostila do encontro. Veja o quanto são trazidos conceitos extra-bíblicos: “Cada nível de pecado libera uma quantidade de demônios; cada pecado atrai uma maldição”. A Palavra nos exorta a não irmos além do que está escrito (1Co 4.6); logo, onde está escrito que cada nível de pecado libera uma quantidade de demônios? Existe, por acaso, uma tabela informando: “Pecado nível 1 = 2 demônios; Pecado nível 2 = 5 demônios; etc.”? E também não é certa a afirmação de que cada pecado atrai uma maldição. Pelo contrário, a palavra nos informa que pelo pecado de um, veio o juízo; e pelas muitas ofensas veio o dom gratuito (Rm 5.16). É magnífico perceber que, tal qual uma única ofensa causou toda a maldição sobre a Terra, por meio de muitas ofensas veio a Graça de Deus. E onde abundou o pecado, superabunda a graça de Deus (Rm 5.20).

É evidente que o pecado é que faz separação entre Deus e os homens (Is 59.2). Entretanto, nós que somos salvos, temos um advogado que intercede por nós junto ao Pai, Jesus Cristo (1Jo 2.1). Não significa, porém, que podemos pecar à vontade. Paulo acerca disso, nos diz o seguinte: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?”. Contudo, fomos reconciliados a Deus, por meio de Jesus Cristo (2Co 5.18,19). Isso significa que já não somos inimigos de Deus; não pesando sobre nós a Sua terrível ira. Aquele homem que outrora era um inimigo mortal de Deus, agora tem paz para com Ele (Rm 5.1). Tal paz se dá, tão somente pela fé (Rm 5.2). Não há necessidade de se quebrar maldição por maldição, nem de outros métodos que complicam a vida cristã. Voltemos e permaneçamos na simplicidade do evangelho (1Co 15.1).

Não há, por meio do presente texto, oposição à admoestação que objetiva a mudança do caráter. Há ainda muitos crentes que continuam mentindo, adulterando e cometendo diversos tipos de pecados. Estes devem ser admoestados para que retornem ao caminho. Como dito no início da análise da presente ministração, o próprio apóstolo Pedro foi admoestado publicamente por Paulo em face de sua dissimulação. Isso é necessário. Uma ministração que trata de questões relacionadas ao caráter é imprescindível no seio da igreja. Contudo, o que levantamos contrariamente, é em desfavor da complicação e dos métodos extrabíblicos e até antibíblicos, relacionados à maldição hereditária e quebra de maldições. Tal como aos rituais de exorcismo praticados como se fosse um processo de libertação que encontra respaldo genuíno na Escritura. Ora, alguma vez Jesus ou algum dos apóstolos, iniciou algum método de libertação do modo que nós temos visto serem aplicados nos Encontros? Tal como Paulo nos relembra, não seria, antes de tudo, importante perguntarmos: “Entretanto, o que diz a Escritura?” (Gl 4.30).

Voltemos, pois, à análise da apostila:

A herança espiritual é uma realidade e satanás sempre aguarda uma brecha para vir e destruir sua vida. Aqui no Encontro toda herança maldita será renunciada, e todo o argumento do diabo será cancelado. (Grifo nosso)

Novamente voltamos ao ponto chave da maldição hereditária. A herança espiritual, realmente, é uma realidade. Nós herdamos de Adão toda a maldição proveniente da queda. A partir de Adão a natureza pecaminosa faz parte do homem (Sl 51.5). E o diabo aguarda um erro do cristão a fim de acusá-lo junto ao pai (Ap 12.10); o diabo está ao nosso derredor, buscando a quem possa tragar (1Pe 5.8). Porém, em Cristo, toda a maldição é quebrada. Façamos, pois, a leitura de 2Co 5.21 e Gl 3.13:

“Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (Grifo nosso)
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;”

Ora, diante disso, faz-se necessária que toda a maldição seja renunciada? E o argumento de Satanás, não aguarda o momento certo para ser cancelado? Veja que em breve Satanás será precipitado à Terra, e já não haverá mais um acusador dos nossos irmãos (Ap 12.10). Por enquanto, ele [o diabo], acusa os crentes junto ao Pai, mas isso é apenas por um breve período. Vemos também que, uma vez que recebemos a Cristo como nosso único e suficiente Salvador, toda a maldição é lançada no madeiro. Isso se dá pela fé! Glórias ao nome do Senhor Jesus que levou toda a nossa maldição, e nos alcançou, não havendo mais necessidade de dependermos das obras da lei para que fôssemos libertos do jugo do pecado.

Bem, até aqui podemos ter uma breve noção acerca da validade da “maldição hereditária”, na vida do crente. A libertação se dá pela palavra. Não há necessidade de métodos e processos complexos. Entretanto, há castas de demônios que só saem com bastante jejum e oração. Isso demonstra que a autoridade para se expulsar demônios está também na vida particular do ministro, com Deus.

Por conseguinte, ainda dentro da ministração “Libertação”, falaremos sobre bendizer e maldizer os nossos irmãos.
Para ler a Parte 7a clique AQUI!

O que na verdade somos? - Para meditação





Fica essa música para meditação de todos. A letra está logo a seguir:



Não há mais segredos pra esconder


Por que complicar a verdade?


Que adianta apontar o caminho


E seguir outra direção?


Quando mundo tenta nos enxergar,


Será que vê o que realmente somos?


Pra falar do amor


Tenho que aprender a repartir o pão


Chorar com os que choram


Me alegrar com os que cantam


Se não ninguém vai me ouvir...


Se a verdade é tão simples, onde erramos?


Ou o que deixamos de fazer?


Se não há mais segredos,


Por que complicamos?


Poucos entendem a verdade!


Pra fazer diferença não basta ser diferente


De que modo eu mudo a história?


Com discurso ou com ação?


Pra falar do amor, tenho que aprender a repartir o pão


Chorar com os que choram,


Me alegrar com os que cantam


Ninguém vai me ouvir sem amor...


O que na verdade somos?


O que você vê quando me vê?


Se o mundo ainda é mau


O culpado está diante do espelho!


O que na verdade somos?


O que você vê quando me vê?


Pra que serve a luz que não acende?


Não ilumina a escuridão

terça-feira, 20 de abril de 2010

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 7a


4. Sábado 3ª Ministração – Libertação

Agora sim. Creio que entramos em um dos temas mais contraditórios, em relação à Palavra, do Encontro. Esta é uma das análises que, acredito, me darão mais trabalho. Mas creio que o propósito do Senhor, sobre a presente análise, deve ser cumprido, mesmo que muitos se levantem contrariamente.

Primeiramente, devo asseverar que a doutrina bíblica acerca demoniologia informa que a possessão é plenamente possível. Desse modo, não me posiciono de forma cética a toda manifestação demoníaca. Digo isso, pois alguns poderão se levantar acusando-me de meu ceticismo, apontando que eu não acredito em qualquer que seja o tipo de manifestação demoníaca. Porém, não será esta a posição defendida.

Mas, retornemos ao assunto.

Um Breve Histórico de Minha Experiência

Após passar por duas ministrações seguidas, os seminaristas normalmente se vêem cansados. Isso aumenta, logicamente, a ansiedade. Tudo isso é aliado à fome, pois, normalmente em minha igreja, a ministração a que se refere este tema é veiculada próxima do horário do almoço. A idéia é que ela termine no horário do almoço.

Não obstante, a ministração inicia-se com diversas considerações acerca do processo de libertação. São trazidas várias referências bíblicas a fim de se fundamentar o que o ministro tem falado. Logo mais entraremos na análise de toda a fundamentação bíblica e as colocações que envolvem a ministração.

A palestra é bastante longa e realça diversos princípios já manifestados pelas ministrações anteriores, principalmente concernente à confissão de pecados. Lembro-me que na minha fase de infância e adolescência testemunhei diversas conversões onde um simples convite ao arrependimento, aliado a uma confissão de fé genuína, eram suficientes para que a pessoa alcançasse a salvação. Como as coisas mudaram! Como dito anteriormente, agora você tem que se esforçar para se lembrar de cada pecadinho que cometeu desde a infância, para poder ser perdoado. Mas devemos voltar ao foco do nosso tema.

Finalizada a palestra, os seminaristas são convidados para um novo momento da ministração. É então escolhida, normalmente, uma trilha sonora (como em todo o Retiro de Impacto), normalmente para deixar a ministração mais tenebrosa, ou facilitar o mover espiritual. Alguns preferem tão somente ficar nos gritos – estes já são suficientemente assustadores. Em seguida, os seminaristas são postos em filas organizadas; deve haver espaço para que os intercessores e auxiliares possam circular entre os tais. Logo em seguida, é trazida uma lista de pecados, feitiços, mandingas, macumbas etc., que, segundo a ministração revelam pecados voluntários e involuntários que devem ser CONFESSADOS e RENUNCIADOS.

A partir de então, inicia-se o RITUAL DE EXORCISMO!

Todos são convidados a repetirem:

- Eu confesso, me arrependo e renuncio; por mim e por meus antepassados...

Em seguida, inicia-se a “confissão” dos pecados. A gente confessa que já comeu isso ou aquilo. A gente confessa que já participou disso ou daquilo. A gente renuncia a um monte de espíritos malignos; cada um com o nome mais esquisito que o outro. É Zé Pilintra; é Pomba Gira; é Preto Velho... É nome que não acaba mais.

Sempre a frase se inicia com os dizeres: “Eu confesso, me arrependo e renuncio; por mim e por meus antepassados”; e termina com os seguintes dizeres: “Sai da minha vida agora em nome de Jesus”.

Daí é uma gritaria só. São repetições e repetições das mesmas palavras. Só mudam os nomes dos demônios. Parece até que a Bíblia não condena as vãs repetições (Mt 6.7,8), e que ainda traz uma lista discriminando o nome de cada diabinho que existe por aí.

É interessante relembrar que os intercessores e auxiliares ficam caminhando no meio das pessoas com baldes e apetrechos de limpeza, pois, segundo o manual utilizado nessa ministração, diversos demônios se manifestam por meio do vômito. Às vezes me pergunto se a ânsia de vômito não advém de um estado psicológico que foi levado ao nervosismo. Eu, particularmente, quando estou nervoso ou ansioso com algo, normalmente, sinto um forte pesar no estômago. Já teve vezes de eu quase vomitar diante de algumas situações onde meu emocional estava fortemente abalado.

Se nós observarmos o ambiente, somado à gritaria, é notório que manifestações físicas atreladas ao vômito poderão ser facilitadas. Não me posiciono ceticamente. Aliás, não sou um perito em demoniologia, tal como são os obreiros das igrejas neopentecostais. Apenas creio que os demônios se sujeitam à autoridade que há no nome de Jesus Cristo (Lc 10.17); apenas creio que a libertação se dá pelo conhecimento da verdade (Jo 8.32), e que Jesus é a verdade (Jo 14.6) e também que a verdade é a Palavra (Jo 17.17); apenas creio em um evangelho mais simples em que não há necessidade de ficar gritando, freneticamente, para que os espíritos malignos se manifestem, os mesmos se manifestarão segundo a vontade de Deus para que não haja tanto constrangimento ou mesmo tanto sofrimento àquele que se vê escravizado. Creio também que, se há dificuldade em se expulsar determinada casta de demônio, isso revela apenas falta de preparo espiritual por parte do ministro (Mc 9.29). Na verdade o que já até cheguei a presenciar, foram diversos métodos onde diziam que determinadas castas não sairiam se a perna ou o braço da pessoa estivessem cruzados.

Também já presenciei diversos tipos de unções necessárias para a libertação. Para se ter uma idéia, segundo a experiência que tive no Encontro, para sair alguns tipos de demônios, era necessário orar com a mão no estômago. Outros tipos só saem se orar com as mãos no cóccix. Eram tantos métodos que mais parecia que o poder que há no nome de Cristo não era suficiente. O problema não está, talvez, reservado a nós ministros, que temos nos afastado da simplicidade do evangelho e, em conseqüência, apostatado da fé?

A conseqüência disso tudo é um rebuliço total. Gente caindo no chão e se contorcendo. Outros vomitando. Outros apenas morrendo de medo. É uma festa de imaturidade espiritual e de invencionices carnais. Exatamente isso! Se há uma coisa que muito está presente nestes Encontros e Retiros de Impacto é carnalidade e superstições! Paulo nos exorta a deixarmos de lado as fábulas profanas (1Tm 1.4; 4.7; 2Tm 4.4). Todas essas regras não passam de superstições e fábulas. Se o poder do evangelho não nos foi suficiente para nos libertar disso tudo, significa que há algo de muito errado em relação a nossa fé.

Em verdade, tudo isso não passa de apostasia generalizada. É um escachado afastamento da fé. Judas, em sua epístola universal, nos convida a batalharmos, diligentemente, pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd v. 3). E o que nós fazemos? Nos abraçamos a novidades e invencionices que anulam o poder que há no nome de Jesus; anulam seu sacrifício; anulam o poder libertador que há na Palavra da Verdade; trocamos a verdade por um movimento emocionalista! Trocamos a simplicidade do evangelho por um show de aparente espiritualidade, mas que na essência, revela pura imaturidade espiritual.

Tal ritual aparenta-se mais a um exorcismo! Métodos e mais métodos para que haja libertação com bastante movimento, mas eficácia zero! É o poder do evangelho que produz uma eficácia que dura pela eternidade, e não estes métodos frenéticos.

Entretanto, há muito ainda a ser analisado. Depois retornaremos no ritual para outras considerações.
Para ler a Parte 6 clique AQUI!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pastor: um ministério que me fez temer, chorar e tremer...


Antes de iniciar a postagem, gostaria de dizer que a foto acima revela muito o que sinto em meu coração, concernente à mão de Deus estendida para mim...


No dia 20 de março, um sábado em que estava havendo a convenção anual de minha igreja (Assembléia de Deus), fui convidado pelo Pr. Divino a uma visita em sua casa, juntamente com minha esposa. Naquela tarde fomos supreendidos pela notícia de que eu estava sendo separado para o ministério pastoral. O Pr. Divino foi inflexível, mesmo diante de nossa negativa, uma vez que não me via preparado para o exercício desse ministério. Desse modo, por vontade de Deus e, devo asseverar, não por minha vontade pessoal, fui consagrado a pastor, ainda naquela noite.


Confesso que recebi a notícia e a consagração com muito choro e pesar de espírito, uma vez que tenho consciência do peso que tal encargo ministerial tem. Argumentei com o pastor, naquela oportunidade, que me achava ainda muito novo, e que era um peso muito grande essa consagração. Contudo, de nada adiantaram os meus argumentos uma vez que ele disse que havia orado ao Senhor e que, ainda naquela semana, Deus o havia respondido.


Uma que seria consagrado a pastor naquela noite, chegando em casa, pedi resposta do Senhor, para que confirmasse em meu coração se era propósito Dele; fiz uma oração, contrariando completamente o que constumo fazer, abri a Palavra de Deus. Para isso, escolhi uma Bíblia nova que minha esposa tinha ganhado, uma vez que minha Bíblia é cheia de marcações; abri a Palavra, o texto que saiu foi o de 2Sm 2, quando Davi é constituído rei sobre Judá. Naquele mesmo instante percebi que, apesar de ter sido consagrado a pastor segundo a vontade de Deus, ainda há batalhas a serem vencidas para que a outra parte do reino fosse conquistada, aqui falo por analogia em comparação ao ministério que o Senhor nos confia. Por uma noite chorei na presença de Deus, com o coração angustiado em face da consciência do peso que é o encargo ministerial para o qual havia sido separado. Desse modo, já consagrado, mas ainda com muito pesar em meu coração, fui a casa de meu primo e irmão em Cristo, o presbítero Heberson, e com ele conversei. Deus o usou poderosamente para confirmar aquele ministério em minha vida que, humanamente falando e interiormente, consciente do peso, não queria receber. Naquele dia fui duramente exortado pelo Senhor e o chamado se confirmou mais uma vez em meu coração.


Peço a todos que orem por mim. Sinto-me fraco, limitado e pobre... Não compreendo o propósito de Deus, mas me disponho a vivê-lo segundo a Sua soberana vontade! É com temor, tremor e muito pesar que recebi este encargo; mas é com alegria no coração que peço a Deus que me venha usar segundo a Sua sabedoria, e sem medo do que Ele nos tem preparado!


Decidi, quase um mês após minha consagração, publicar este texto para a glória de Deus!


Ah! Antes que me esqueça: não há necessidade dos irmãos me chamarem de pastor, caso não desejarem, uma vez que, antes de tudo, não quero nunca esquecer-me do homem (falho e limitado) que sou, mas que foi alcançado por um Deus infinitamente amoroso...


Agradeço a todos que têm acompanhado esse blog... Não esqueçam do irmão Jordanny em suas orações!


A paz do Senhor a todos!

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 6


3. Sábado 2ª Ministração – O pecado e Suas conseqüências

Dentro deste tema, no início, iremos fazer uma pequena análise do que diz a apostila:

Ao criar o homem Deus buscou nele um amigo, um filho, um herdeiro de tudo aquilo que Ele mesmo possui, mas este homem deveria ter poder de decisão para interagir com o Senhor do Universo em toda a dimensão. Este homem pecou e distanciou-se de Deus, a partir daí uma série de situações novas passaram a ocorrer, afetando diretamente os rumos da humanidade.

Primeiramente, devemos observar que no livro que trata criação do homem, não há uma informação de que o homem foi criado inicialmente para ser herdeiro de tudo que Deus possui. Somos feitos co-herdeiros em Cristo Jesus (Rm 8.17; 1Pe 3.7). E não somos feitos co-herdeiros de tudo que Deus possui. Por exemplo, não herdaremos a Sua glória (Is 48.11). Tampouco receberemos os atributos da onisciência, onipotência e onipresença. Fomos, sim, criados para uma posição de domínio (Gn 1.26). Mas o homem não era incorruptível e por isso pecou. Como co-herdeiros de Cristo, receberemos um corpo incorruptível (1Co 15.50-54). Diante disso, podemos até glorificar a Deus, mesmo havendo o primeiro Adão pecado, visto que a injustiça entrou no mundo para que possibilitasse a ação do último Adão, por meio do qual, agora sim, somos co-herdeiros de Deus, até mesmo de um corpo incorruptível.

No mais, não percebo nenhum tipo de equívoco na ministração pecados e suas conseqüências, a não ser em relação àquele nexo que há com Peniel, mandando todo mundo trazer a memória pecado por pecado para confessar.
Para ler a Parte 5 clique AQUI!

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 5



2. Sábado 1ª Ministração – No Encontro Ampliamos a nossa postura Espiritual

Fazendo uma leitura da apostila, não percebo muitos equívocos em tal ministração. Apenas aqueles relacionados à equivocada compreensão do arrependimento que, no tópico anterior, foi apresentado.

Entretanto, um dos focos mais perseguidos pela presente ministração, revela-se na busca de se quebrar a religiosidade daqueles crentes mais conservadores e voltados para usos e costumes. Alguns podem até se voltar contra este posicionamento, mas uma análise verdadeira, revela que por meio dessa ministração, a maioria dos ministros, buscam fazer com que os cristãos modifiquem sua opinião quanto a usos e costumes.

Até certo ponto, não vejo problemas em se alertar os irmãos acerca da ênfase única nos usos e costumes. Mas, o que não podemos é, por meio do ataque à tal religiosidade aparente, avalizarmos todo tipo de atitudes e extravagâncias dentro da igreja.

Alguns, por exemplo, afirmam que o Espírito deve ter plena liberdade de agir no nosso meio. Mas confundem liberdade com libertinagem. Desse modo, a desordem e a falta de reverência passam a ser avalizadas pelos membros da igreja como algo normal. Vale dançar freneticamente, gritar como um louco ou mesmo fazer diversas estripulias... Tudo passa a ser o mover do Espírito! Não seria interessante compreendermos que o culto requer ordem e decência (1Co 12; 1Co 14)? Qual é o culto que agrada a Deus? Como devemos nos vestir e nos portar para que agrademos a Deus? A Palavra nos diz o seguinte:

(1Co 6.12; 10.23) Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. (Grifo nosso)

Tais textos nos fazem pensar acerca do nosso modo de vestir, de falar... Em tudo devemos buscar edificação. E mais, em tudo devemos buscar glorificar o nome de Jesus (1Co 10.31).

Nesse mesmo sentido, a Palavra nos exorta a não nos movermos facilmente de nosso entendimento (2Ts 2.2a). Não seria momento de analisarmos nas veredas antigas e perguntarmos qual o caminho que agrada ao coração de Deus (Jr 6.16)? Será que tudo que aprendemos anteriormente deveria ser desconsiderado por conta desse novo “mover” que se levanta? Não poderá ser este novo mover apenas um vento de doutrina (Ef 4.14)?

Ficam tais posições apenas para nos fazer refletir acerca do assunto.
Para ler a Parte 4 clique AQUI!

domingo, 18 de abril de 2010

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 4


O ENCONTRO

No horário marcado, na sexta-feira, nos reunimos no local pré-determinado. Ali, existe um grupo, que é denominado de “equipe de trabalho”, composto por diversos irmãos que já participaram do Encontro e que estão tendo a honra de servir trabalhando. E, posso assegurar, o trabalho dessa equipe é pesado. Uma parte fica responsável por acompanhar todos os seminaristas (as pessoas que estarão participando do Encontro), na viagem até a chácara onde se realizará o evento. A equipe de trabalho está orientada a servir da melhor maneira possível. Desse modo, eles são quem ficam encarregados de levar as malas dos seminaristas até o ônibus e, ao chegar à chácara, distribuir a bagagem nos lugares devidos, normalmente pré-ordenados.

Os seminaristas já descem da chácara e se encaminham diretamente para a capela (lugar onde serão realizadas as palestras). Entretanto, logo na chegada, normalmente, os seminaristas são recebidos com aplausos e fogos de artifício, pelos componentes da equipe de trabalho que ficam aguardando-os no local de realização do encontro. Tudo tem que sair perfeito.

Ao entrarmos na capela, recebemos um caderninho para anotações e caneta. É tudo muito bem organizado. E o pregador da noite já fica posicionado para introduzir a palestra. Como em todo evento, existem todas as cordialidades pela participação de cada um. E, de mesmo modo, cada um dos seminaristas são supervalorizados naquele local, com palavras de lisonjeio, e aquela, corriqueira, massagem de egos.

1. Sexta-Feira à noite – Peniel

A primeira ministração recebe o nome “Peniel”, em referência ao conhecido texto sagrado que nos conta a história de quando o Jacó lutou com o Senhor (teofania), para que fosse abençoado (Gn 32.22-33). A palestra, em suma é levada para o seguinte sentido:

a) o lugar onde há um encontro com Deus é um lugar de luta;
b) em referência ao caráter de Jacó, aquele Varão lhe pergunta seu nome, indicando que queria uma confissão de Jacó por todos os seus pecados;
c) por último, assim que Jacó pronuncia o seu nome, o anjo lhe abençoa e modifica seu nome para Israel.

Quem era Jacó e o que Aconteceu em Peniel?

Pois bem, é necessário compreendermos estas bases interpretativas para analisarmos se existe algum equívoco bíblico nestas afirmações. Primeiramente, não posso deixar de considerar que, quando Jacó, após atravessar o vau de Jaboque, se encontrou com o Senhor (teofania), houve uma intensa luta. Aliás, o texto literalmente diz que Jacó lutou com aquele Varão (Gn 32.24). Conquanto se possa conceber que existe uma luta interior travada entre a carne e o espírito (Rm 7.17,18), percebemos que essa luta não se resumiu a Deus. Ora, o próprio Homem, com quem Jacó lutou, no verso 28 do texto em análise, afirma que seu nome seria mudado para Israel, pelo fato de Jacó ter lutado com Deus e com os homens, prevalecendo. Existe sempre uma leitura falha deste texto. Se fizermos um estudo profundo, percebemos que a figura daquele Homem, com o qual Jacó luta, na verdade se revela como uma teofania, ou seja, uma manifestação humana e visível de Deus, que podemos concluir sendo a figura do próprio Cristo (1Tm 2.5; 1Jo 4.3; 2Jo 1.7). Entretanto, o nome Israel, realmente significa aquele que luta com Deus.

Contudo, até agora não percebemos equívocos doutrinários. Entretanto, quando chegamos à interpretação que a pregação em análise revela do verso 27, constatamos uma exponencial heresia aliada a descontextualização, seguida de uma inverdade absurda. Segundo tal ministração, o motivo de Deus ter perguntado a Jacó “qual o seu nome?”, se dá em face da necessidade de Jacó confessar o seu caráter para que Deus pudesse operar. Tudo bem que quando temos um contato com Deus, por meio de Sua Palavra, todo o nosso pecado começa a ser revelado. Mas, a descontextualização se dá pelo significado falso que é atribuído ao nome de Jacó.

Segundo essa palestra, o nome Jacó, significa: mentiroso; enganador; usurpador; falso etc. Entretanto, nenhum destes adjetivos, se aplica ao nome Jacó. Você quer saber, realmente qual o significado do nome Jacó? Em pesquisa à Wikipédia, encontramos o seguinte significado:

O nome Jacó ou Jacob deriva do latim Iacobus, que por sua vez é uma latinização do nome hebreu Ya'akov (יעקב), que significa literalmente "aquele que segura pelo calcanhar".

De fato, sabe-se que Jacó teria nascido segurando o calcanhar de seu irmão gêmeo Esaú. O mesmo termo poderia também ter o sentido de suplantar, em alusão ao prato de lentilhas que toma Jacó em lugar de Esaú, quebrando um direito de primogenitura, pelo qual o prato corresponderia a seu irmão, nascido alguns minutos antes.

Até aqui, tudo bem. Podemos ainda duvidar da veracidade das informações contidas na Wikipédia. Contudo, em uma análise mais profunda, compreenderemos melhor toda esta questão em relação ao nome.

Primeiramente é necessário informar que, por diversas vezes, temos visto pregadores dizendo, tanto na TV, rádio e em outras ministrações que o nome Jacó quer dizer “enganador, mentiroso, trapaceiro”. Eu, realmente, depois de estudar com afinco toda essa questão, fico boquiaberto, pois se trata de uma heresia, um engano ensinado, levando pessoas ao erro. É evidente que nenhum filho do Altíssimo necessita de advogado, porque o próprio Cristo advoga por eles, por isso não estou aqui com o intuito de defender Jacó, mas sim trazer uma visão bíblica sobre o nome, a honra e o caráter deste servo de Deus.

Desse modo, vamos analisar o significado do nome de Jacó: “Deus de Avraham (Abraão), Yitzack (Isaac) e Ya’akov (Jacó)”. É de se admirar o porque de o próprio Deus, por meio da boca de seus profetas, continuarem chamando Ya’akov de Ya’akov, e não de Israel, não é mesmo? Analisando pelo fato de o nome Jacó ter um significado tão terrível, porque poderia, então, ser tão honrado nas páginas sagradas? Na verdade, quem inventou que o nome de Jacó significa mentiroso e trapaceiro, simplesmente trouxe uma terrível contradição à Palavra. Quando a Bíblia trata do “Deus de Jacó”, então está tratando do Deus dos mentirosos e trapaceiros? Bem, o meu Deus é Deus sobre todas as coisas, mas o “deus” dos mentirosos é o “deus” deste século (2Co 4.4; Jo 8.44).

Na verdade, nós não encontramos o som de JOTA no nome Jacó. Desse modo, o nome Jacó é Ya’akov, que significa suplantador.

E o que é suplantar?

su.plan.tar(lat supplantare) vtd 1 Meter sob a planta dos pés; calcar, pisar: Suplantar a grama, as folhas. 2 Prostrar aos pés (o vencido); derrubar: Suplantar o adversário. 3 Levar vantagem a, ser superior a; exceder, sobrelevar, vencer: Jacó suplantou Esaú e o anjo. Dic. Michaelis- on line.

Diferentemente de seus pais, Jacó desde o nascimento já lutava com seu irmão, o qual representava uma nação que não serviria a Deus. Desse modo, Jacó batalhava para alcançar uma posição que só poderia ser atingida por meio de luta, esforço e fé. Assim, a vontade divina para Jacó, envolvia uma luta que se travava desde o nascimento, a fim de que o caráter de Jacó refletisse ao Deus Eterno, de modo que seu povo refletisse o caráter de Deus. Por isso entendemos o porquê do verso 28:

(Gênesis 32:28) - Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.

Desse modo, podemos compreender o nome Jacó como sendo: aquele que luta e vence. Exatamente isso! Os próprios profetas revelam a Deus como o Senhor dos Exércitos (1Sm 1.3,11; 4.4; 15.2; 1Rs 18.15 etc.). Embora grande parte de nós não fomos ensinados corretamente acerca do significado do nome Ya’akov; pelo contrário, sempre ouvimos que Deus mudou a sorte de um trapaceiro, mentiroso para aquele que luta com Deus; tudo isso, após um estudo profundo, percebemos que é uma heresia, uma mentira e até mesmo um desrespeito com o próprio Senhor e com a Sua Palavra. Devemos nos lembrar que o povo de Deus é destruído pela falta de conhecimento (Os 4.6).

Na verdade, a grande confusão que se revela entre nós, se dá pela falta de conhecimento do hebraico. Uma vez que mal interpretamos o texto descrito em Gn 27.36:

(Gênesis 27:36) - Então disse ele: Não é o seu nome justamente Jacó, tanto que já duas vezes me enganou? A minha primogenitura me tomou, e eis que agora me tomou a minha bênção. E perguntou: Não reservaste, pois, para mim nenhuma bênção?

Desse modo, seguindo uma interpretação mais literal, chegaremos à seguinte: “Não se chama aquele que vai e consegue o que quer suplantando, visto que já me enganou duas vezes?” Percebemos Esaú proferindo uma acusação falsa contra Jacó, uma vez que, este, nunca o enganou. Na verdade, Jacó enganou a seu pai, Isaque, mas não a seu irmão.

Alguns interpretam esta atitude como impulsiva como a causa da inimizade entre Jacó e seu irmão. Porém, a profecia desde o começo dizia: dois povos se dividirão. Esaú e Jacó eram divididos desde antes de nascer. Não havia paz entre os dois. Não existe comunhão entre a luz e as trevas, entre quem ama a Deus e quem não O ama.

Por causa do modo como a bênção da primogenitura foi conquistada, Jacó abriu uma brecha na sua vida. Precisava ser tratado nisto.

Por conseguinte, Jacó foi buscar uma esposa entre as filhas de Labão, em obediência a seus pais. Jacó, ao contrário de Esaú, que buscou filhas nos povos que aborreciam a Deus só para ferir seus pais, obedecia-os. Então, Deus revela-se a Jacó em uma visão esplêndida. E fala com ele: “Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra” (Gn 28.15). Jacó, demonstrando temor a essa visão, chama aquele lugar de Casa de Jeová. E, em adoração, faz o voto de dar a décima parte do que tem a Deus, caso a Sua Palavra se cumpra (Gn 28.17-22).

Jacó chega ao oriente, na terra de Labão, vê Rachel e a escolhe por esposa. Labão, por sua vez, aplicou uma lei divina sobre Jacó, definindo o período de escravidão. Desse modo, por sete anos Jacó serviu a Labão pela esposa escolhida. No entanto, Labão fez com Jacó o mesmo que ele e sua mãe haviam feito com seu pai, Isaque. Enganou-lhe, aproveitando-se da escuridão (Gn 29.23-25). Assim como Isaque não pôde ver a Jacó, Jacó não pôde ver a Lia. E a tomou por esposa. Percebendo o engano, chegando-se a Labão, este lhe propôs mais um ciclo de escravidão por Raquel. Deus estava tratando o pecado de Jacó. O pecado inicial de Jacó foi não compreender o propósito de Deus para sua vida, tentando facilitar as coisas para Deus.

Alguns, valendo-se de uma argumentação frágil, dizem que Jacó enganou a Labão, quanto à estratégia que lhe trouxe acréscimo a seu rebanho. O primeiro fato é que foi Labão quem convidou a Jacó que trabalhasse com ele. E em segundo lugar, Labão, percebendo a prosperidade de Jacó, fecha-lhe o semblante, mas Deus era com Jacó desde o início (Gn 31.1-6). Isso demonstra que Jacó não estava agindo fora da vontade de Deus, pelo contrário, Deus corroborava sua estratégia.

Labão, pelo contrário, foi injusto com Jacó desde o início. Jacó, por sua vez, submeteu-se à Labão, ainda assim. Mesmo sendo confrontado por Labão, Jacó argumenta informando que é um homem livre e submete-se à vontade de Deus, saindo das terras de Labão.

Creio que uma leitura profunda de todo o ocorrido poderá revelar a nós que, em nenhum momento, Jacó foi injusto ou mentiroso com Labão. Pelo contrário, recebeu de Deus o dia da provação e foi aprovado em todas as suas atitudes, por Deus. Não há que se falar do caráter de Jacó, quando o próprio Deus aprovou suas atitudes em relação a seu tio. Contudo, nesta época, Deus tratava o pecado de Jacó, quando enganou a seu pai, Isaque.

Diante do exposto, é possível perceber alguns dos equívocos doutrinários e hermenêuticos da ministração ora analisada.

Acerca da Confissão de Pecados

Falaremos agora acerca da confissão de pecados.

Segundo a apostila, Peniel é um lugar de confronto com Deus. É um lugar de dor onde Deus nos vai revelar o nosso verdadeiro caráter e, conseqüentemente, nos mudar. Para isso, é necessário nós nos lembrarmos dos princípios divinos que nós quebramos, para passarmos a avaliar nossas vidas tal como Deus nos avalia.

Pois bem, primeiramente, há bastantes verdades nas proposições anteriormente colacionadas. A palavra nos informa que o Espírito Santo nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Entretanto, podemos perceber que, nem todos os que são convencidos, serão convertidos. Aliás, o texto de Jo 16.8, revela que o Espírito convencerá o mundo, ou seja, toda a humanidade. Tal convencimento, logicamente, não significa salvação. Ou seja, mesmo o homem não nascido de novo, tem, por natureza, inserido em seus atributos morais, a consciência do que é bom ou mau. Desse modo, todos são, diante de Deus, inescusáveis (Rm 1.20).

Por conseguinte, há, logo no início da ministração, a citação do texto de Pv 28.13: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.”

As verdades contidas na Palavra são inegáveis. Logo, não há como confrontar o verso citado anteriormente. O próprio apóstolo Tiago, em sua epístola universal, nos manda confessar nossas ofensas uns aos outros (Tg 5.16). O escritor da apostila também adverte a todos nós que o sangue de Cristo não funciona como um cartão de crédito, onde eu uso sem responsabilidade, podendo pecar o tanto que quiser. Tal afirmação se aplica devidamente à vida cristã, uma vez que o que dá testemunho de salvação na vida de um crente é o fruto do Espírito que revela o modo de viver que se distancia do pecado. Aquele que é contumaz em pecar, certamente ainda não é salvo e deve achegar-se a Deus em humilhação, para que alcance misericórdia.

Entretanto, o ponto da ministração que traz estranheza à sã doutrina será revelada na análise seguinte. Para isso, é necessário lermos o seguinte texto, extraído da apostila:

"Só conseguiremos ser totalmente curados e libertos se confessarmos tudo. Você não pode confessar pela metade, nem confessar os pecados de só um tempo da sua vida. Você precisa confessar todas as coisas - desde a infância até ao dia de hoje. Lembre-se que você tem uma aliança com Jesus." (Grifo nosso)

A confissão é plenamente necessária, mas, a grande questão é: o que tal doutrina, acima explicitada tem revelado? Primeiramente, infringe o poder do sacrifício de Cristo na cruz (Hb 9.28), que se opera na vida daqueles que creram Nele (Jo 3.16). A doutrina bíblica da salvação esclarece que, ao se crer em Cristo, e ser batizado, o homem alcança a salvação (Mc 16.15). Com o coração nós cremos para a justiça, uma vez que somos justificados diante de Deus por meio da fé (Rm 5.1,2); e com a boca confessamos para a salvação (Rm 10.10). Essa confissão não se refere a cada um dos nossos pecados. Mas sim à manifestação pública, por meio de nossas obras (Tg 2.17), e por meio da guarda e cuidado das ordenanças deixadas por Cristo (Mt 28.20). Uma das ordens deixadas por Jesus, que demonstra a confissão para a salvação, é o batismo (Mt 28.18-20; Mc 16.15). Por meio dessa única confissão, se o coração crê, já é reputado como justiça e como salvação.

Diante disso, devo novamente trazer a minha lembrança os pecados que cometi desde a infância? Isso é anular o sacrifício da cruz. Paulo nos exorta a deixarmos as coisas que para trás ficam e seguirmos para o prêmio da nossa consolação (Fp 3.13,14). E aqueles pecados de que já não nos lembramos? O sacrifício da cruz não os alcança? O que nos diz o texto de Is 53.5, nos afirma que Ele morreu, uma única vez (Hb 9.28), por todas as nossas transgressões, sendo necessário, àqueles que alvejam salvação, olhar para o madeiro (Jo 3.14,15). Ele morreu pelos pecados que nos lembramos e pelos que não nos lembramos. Não há, pois, necessidade de trazermos a memória cada um dos nossos pecados, a não ser que o objetivo seja relembrar o quanto as misericórdias do Senhor são maravilhosas sobre as nossas vidas. Há uma canção que diz: “Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança”. Que tal seguirmos este conselho (2Tm 2.13.14)?

Uma vez que estamos em Cristo, o nosso fardo de pecados e de dor já foi deixado para trás. Que motivação eu tenho de ficar confessando cada um destes pecados? Anularemos, pois o sacrifício e a graça de Cristo que é alcançada por meio da fé? Isso é complicar a salvação. Devemos, ao contrário disso, voltarmos à simplicidade do evangelho (2Co 11.3). Tais manuais se revelam como inimigos da cruz, pois arrancam de Cristo o poder de nos salvar e colocam tal poder na memória do homem, o qual tem por obrigação relembrar-se de cada um de seus pecados, se não, a libertação não será alcançada. Já somos libertos em Cristo Jesus, que é a verdade (Jo 8.32; 14.6). Somos purificados em seu sangue (1Jo 1.7), e santificados na Sua palavra (Jo 17.17). O que ultrapassar isso é antibíblico e engano (1Co 4.6).

Ainda segundo a apostila, observamos o seguinte:

"O processo de arrependimento começa através de um quebrantamento diante da presença de Deus: sentimos dores profundas por havermos ofendido ao Pai. Não se trata de remorso, trata-se de um sentimento interior, de um coração impulsionado a dar a volta, a retomar o caminho correto de acordo com a vontade do Pai, tal como fez o filho pródigo." (Grifo nosso)

Acho interessante que a Palavra não nos convida a um “processo de arrependimento”, mas sim a um genuíno arrependimento (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15; At 2.38; 3.19). Há, sim, a necessidade do convencimento do Espírito Santo (Jo 16.8); logo em seguida, aquele que em verdade se arrepende, consegue ter percepção do ódio que o próprio Deus tem em relação ao pecado (Is 33.14; Ez 8.18; Mt 10.28; Rm 11.21,22), fazendo com que o pecador sopese a bondade e a severidade de Deus e em seguida se lance nos braços deste Deus, por meio da fé, que é todo poderoso para perdoar os seus pecados (Mc 2.5-9).

Em seguida temos outra informação interessante:

"- Pecado tem nome. Não basta dizer: Ah, eu pequei muito! Deve-se dizer Hoje é o pecado pelo nome. O Espírito Santo vai trazer consciência a você. Peniel. É um encontro face a face com Deus, onde você vai lutar e prevalecer. (Grifo nosso)"

Se tal afirmação, grifada, é verdadeira, então o filho pródigo não deveria alcançar perdão (Mc 15.11-24). Ora, percebemos que o que Deus quer é um coração contrito (Is 57.15). A confissão de pecado por pecado não é regra para perdão e reconciliação do homem para com Deus. Creia com o coração, mesmo estando pesado e sobrecarregado, Cristo te aliviará (Mt 11.28-30).

O pecado deve, sim, ser confessado (Tg 5.16). Mas não da forma proposta pelo autor da apostila, que nos remete a um retorno psíquico e almático que mais se aparenta com a regressão aplicada pela psicologia. Tal atitude traz dificuldades ao evangelho. O evangelho é simples, apesar de requerer de nós uma atitude de completa negação do “eu”, para que Cristo tome a direção de nossas vidas. Quantos podem dizer amém?

Para ler a Parte 3 clique AQUI!