sexta-feira, 20 de março de 2009

Ponto de vista - Aborto, caso Alagoinha

Este mês foi marcado pelo famoso caso que aconteceu na cidade de Alagoinha – PE, e que repercutiu de uma forma intensa, fazendo todos pensarem e opinarem acerca do assunto. Entretanto, se vocês observaram a grande parte das posições, induzidas pela mídia manipuladora, perceberam as seguintes conclusões:

1) Uma comoção em relação à garota em face da violência vivida, e aos seus pais por terem vivido uma situação tão terrível (com evidente razão);
2) Um ódio insano contra o agressor, o qual não poderia levar outro adjetivo melhor do que “monstro”;
3) Uma indignação geral contra a decisão da igreja Católica, prolatada por meio de sua liderança episcopal;
4) Uma exaltação da equipe médica que realizou o aborto, em face de serem estes os “heróis” compreensivos que agiram debaixo da lei (aliás, como diz o ditado, “fora da lei não há salvação”) e em observância às análises médicas que concluíram que havia risco se a gravidez fosse levada adiante.

Antes de dar continuidade à posição aqui apresentada, gostaria de informar que, normalmente, não gosto de referir-me a questões muito recentes, visto que, normalmente, o prazo para uma análise mais sucinta é curto, podendo haver uma conclusão equivocada. Contudo, dada a repercussão, achei devido tecer algumas considerações, observando algumas partes intrigantes do caso à luz da lei do homem e, principalmente, da Lei de Deus (Bíblia). Para isso, utilizarei as proposições acima, delimitadas.

A comoção em relação ao sofrimento da criança violentada e de sua família

Em relação à vítima do ato de violência, não há como deixar de se comover. Trata-se de uma criança que teve arrancada de si, por um ato tão brutal, o direito sobre seu corpo, em relação à sexualidade. Como pai, acredito que consigo imaginar um pouco do que os pais dessa garota sentiram ao tomarem ciência de todo o ocorrido. Porém, o servo de Deus não deve discernir tais questões por meio da alma, onde estão inseridas as emoções humanas (Jr. 17:9), pois corre o risco de cometer males e injustiças terríveis; pelo contrário, o cristão nascido de novo deve discernir espiritualmente (1Co 2:14), à luz da Palavra de Deus, por mais que seja contra o seu intelecto almático(sic). Logo, no julgamento deste caso, é necessário que nos apartemos, até certo grau, do nosso intelecto, que dita regras éticas e morais deturpadas, e das nossas emoções que tornam turvas e embaçadas a nossa visão e nos vinculemos aos preceitos bíblicos. Devemos, contudo, orar para que esta família seja alcançada pela resplandecente graça e amor (Tt. 2:11) de Deus, a fim de ser consolada pelo Espírito Santo (At. 9:31) neste momento de dificuldade. Dito isso, prossigamos em uma breve análise ao ocorrido.

O ódio incitado contra o agressor

É evidente que o crime cometido pelo agressor foi muito grave. E, segundo a legislação penal vigente, deve, ele, ser punido. Entretanto, o caráter punitivo da sociedade ultrapassa o dever de cumprir a sanção penal, desencadeando uma “rotulação” ao criminoso, o qual passa a ser insuscetível de perdão. Isso mesmo! É o espírito de vingança que acompanha uma ênfase na emoção social em relação à ação ilícita do acusado de ter cometido o crime – o que se agrava pelos fatos que se extraem do caso posto a análise. E isso é justificável em face da incompreensão que a maioria das pessoas tem do aspecto espiritual e bíblico-normativo.

Conquanto haja entre a população brasileira um ímpeto vingativo, que requer a punição, como sendo a justa medida em relação à aplicação da justiça, o cristão verdadeiro deve seguir o exemplo do Mestre (Lc. 23:34; Mc 11:25,26). Não falo aqui de avalizar o pecado, mas sim de apresentar amor pelo pecador (Lc 5:32; 3:16). Alguns devem estar pensando: - É fácil pra você dizer isso, Jordanny, já que não foi a sua filha. Contudo, o direcionamento desta postagem não é àqueles que não experimentaram o novo nascimento, mas sim àqueles que se julgam servos do Deus altíssimo, nascidos de novo por meio da regeneração e da renovação do Espírito (Tt. 3:5). Também não afasto aqui o caráter punitivo a ser aplicado sobre esse infrator. Junto à lei humana aquele homem, uma vez julgado, poderá ter sua punição cumprida. Porém, junto a Deus, é necessário que este se arrependa para que tenha parte no Reino. E, esta, deve ser a nossa oração como servos de Deus (Lc. 15:7,10), por mais que se apresente contrária à nossa razão humana. E se, como homens e mulheres de Deus, não agirmos assim, somos, conjuntamente a este pecador, iníquos (Is. 59:2), estando, pois, separados do Senhor.

Indignação geral contra a igreja Católica

Não sou católico, pois são evidentes os absurdos doutrinários e o afastamento desta religião dos preceitos descritos na Palavra de Deus. Entretanto, em um país que se diz, majoritariamente, católico, fico abismado com o fato de haver tanta contestação em relação à decisão desta igreja, no tocante a excomungar os praticantes do ato abortivo. Ora, a igreja Católica, ao contrário de nós evangélicos, não se fundamenta na Bíblia como regra de fé, mas sim nos preceitos papais. Se, portanto, dentre os pecados capitais (aqueles que levam a pessoa diretamente ao inferno, sem que tenha a oportunidade de “purificar-se” no “purgatório”), está o homicídio; e a tal instituição concebe que a vida existe desde a sua conceição, a interrupção da vida pela ação humana, mesmo antes do nascimento, tem como conseqüência o excomungo. Esta regra administrativa se aplica à igreja Católica e, necessariamente, aos seus fiéis. Logo, uma pessoa que se diz católica e não aceita tais preceitos, deve rever seus conceitos e, ou aceitar os ditames institucionais, ou mudar de religião. Não leva a nada discutir os equívocos éticos e práticos da decisão episcopal católica. Aliás, se houvesse na liderança, dessa igreja, temor do Senhor, com certeza já teria retornado a prática e observânica da Bíblia.

A “heróica” atuação equipe médica apoiada pelo IMIP

Que decisão fantástica teve a equipe médica juntamente ao IMIP (Instituto Médico Infantil de Pernambuco) em interromper a gravidez! Congratulações! É tão mais fácil para a consciência fazer aquilo que o clamor público deseja, não? Ademais, nós temos aqui um fato extremamente relevante: a vida de uma menina contra a patética existência de dois embriões... Já imaginou! Uma vida em jogo por causa de duas coisinhas tão insignificantes! Não temos dúvidas que foi acertada tal decisão médica! Aliás, e repito, não passam de dois meros embriõezinhos!

Frisa-se também que, apesar de o aborto estar tipificado no Código Penal em seus artigos 124 a 127, comportando um espacinho entre os “crimes contra a vida”, nos casos previstos no artigo 128, é plenamente lícita a prática do aborto, desde que, ou haja risco de vida para a gestante, ou proveniente de estupro desde que tenha o consentimento dos pais. Nesse caso, novamente a equipe médica, com apoio do IMIP, agiu prontamente e legitimamente! Veja que, mesmo que não houvesse consentimento dos pais, já estava decidido que a gravidez gerava risco para a criança; ou seja, há atuação mais lídima? Também, não há dúvidas quanto a consentimento dos pais da garota, não é mesmo?

Já tá (sic) bom demais! Cansei de ironizar! Agora, falando sério...
Primeiramente devemos considerar qual vida é mais importante: da mãe; ou dos “embriões”? Observou que, para trazer uma conotação de inferioridade, é só trocar o termo “bebê em formação”, ou mesmo “vida em formação”, por “embriões”? Um nascituro não é entendido com um ser humano? Interessante é que o próprio Código Civil resguarda, quando relacionado a direitos patrimoniais, a criança desde a concepção (art. 2º); quer dizer, a proteção não está relacionada à vida, mas sim ao dinheiro. Para se ter uma idéia, o aborto é tratado, pela legislação, de forma diferente do homicídio, até quanto à penalidade.

Agora, vamos fazer uma mudança proposital para que você perceba que, as palavras utilizadas para se convalidar um aborto, são previamente escolhidas a fim de retirar o sentido real, arrancando o afeto e comoção que, naturalmente, existiria: “O que é mais importante, duas vidas inocentes, completamente indefesas, que estão sendo geradas e que não têm culpa alguma de todo o ocorrido; ou a vida de uma hospedeira?”

Notou que a simples substituição das expressões dá outro sentimento para o caso em discussão? Perceba que é dessa forma que o sistema maligno tem extraído de nós os afetos naturais (2Tm 3:2,3). Entendam que não há intenção aqui de se levantar contra a vida dessa criança que foi terrivelmente violentada, porém, a mídia, sabe publicar as palavras certas a fim de levar o clamor público a pensar da forma que ela quer.

Dessa forma, e retomando o assunto, não seria o aborto uma espécie de homicídio? Quer saber: responder isso sob a ótica humana gera mais e mais equívoco; logo, tentaremos analisar algumas questões a luz da Palavra de Deus, que é perfeita e infalível.

Biblicamente, a origem da vida se dá pela concepção, ainda que sejamos gerados em pecado (Sl 51:5). Deus dá tanta importância à vida que está sendo gerada, que chega a proteger-nos enquanto ainda estamos no ventre de nossa mãe (Sl 139:13). Os olhos de Deus estão atentos à vida humana desde o momento em que é gerada, ainda sem forma (Sl 139:16), dando-a sustento (Sl 71:6). Percebemos que Deus se importa com o homem de uma forma muito especial, desde o ventre materno (Is 49:1). O próprio Senhor Jesus, já era cheio do Espírito Santo ainda enquanto estava sendo gerado (Lc 1:15). Na verdade, para Deus não há distinção entre o pecado de homicídio e o aborto; ambos são homicídios. E a Bíblia é enfática ao combater o homicídio, apresentando uma dura pena aos praticantes desse pecado (Ap. 21:8; 22:15).

Não intento, por meio desta postagem, adentrar na questão ética, visto que, como homem que sou, poderia acabar decidindo de acordo com o “consenso manipulado”, passando a acreditar na “inerrante ciência” (1Tm 6:20), ou mesmo nas filosofias humanistas (1Co 2:4,5; Rm 12:2), passando a tolerar o pecado, que tem como conseqüência, a morte (Rm 6:23). Apenas tenho apresentado a questão de uma ótica bíblica. E, contra o que está Escrito, não há argumentos (1Co 4:6; 2Tm 3:16), mas, e tão somente, o dever de obediência. Assevero que o verdadeiro servo de Deus não deve se deixar levar por preceitos eticamente definidos pela humanidade corrompida; deve, sim, guiar-se pela Palavra (Sl 119:105), que é a verdade absoluta (Jo 17:17) em termos de fé e de prática, a fim de herdar a vida eterna (Jo 3:16; 11:21; 14:6).

Por fim, quer saber um pouco mais do que a mídia não publicou? Clique
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A paz do Senhor a todos!

Jordanny Silva